quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Os fogos anunciam a chegada do ANO NOVO! É hora de pensares nos sonhos que ainda não realizaste e acreditares que irá realizá-los.Soltares um olhar solidário e acalentador para os teus Amigos. Aprender com os erros do ano anterior e brindar o ano novo com um sorriso.Correr ao encontro daquele amor ainda não perdido ou surpreender mais uma vez o amor já conquistado.Desejos de um ano repleto de luz, amor, paz, saúde e prosperidade.

Que nunca te falte, um sonho pelo que lutar, um projecto para realizar, algo que aprender, um lugar onde ir e alguém a quem amar.

Feliz Ano Novo!!!!

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Mais uma voz sensata...





O braço-de-ferro entre o Ministério da Educação e os professores já teve melhores dias. A greve desta semana deu cabo do equilíbrio de forças e já não se percebe bem se estamos no plano da discussão sindical, se em situação pré-insurreccional, se apenas a assistir a uma birra sem jeito. O alastramento do descontentamento entre os professores tem toda a razão de ser. O processo negocial, e de discussão pública, tem-se pautado por uma soberba sem limites, humilhando mesmo quem procura discutir, e resolver, um problema que cada vez é mais sério. As várias intervenções sobre o modelo de avaliação que têm sido produzidas pela ministra são contraditórias, não são perceptíveis para o cidadão comum – que nem é professor nem aplaude cegamente as propostas do Governo –, não se compreendem e, finalmente, não têm sustentação razoável.
Por outro lado, enquanto a ministra faz um discurso o secretário de Estado produz o sermão inverso e está aquele Ministério de tal forma baralhado que a única coisa em que acertou nos últimos dias foi no reconhecimento de que sofrera, por parte dos professores, a maior greve de que há memória entre aquela classe.
Parece que no essencial estão de acordo as duas partes: os professores devem ser avaliados. Discutem os métodos. Estão em guerra por causa da forma e não por causa do conteúdo. E sendo certo que até o primeiro-ministro já reconheceu que a proposta que continua teimosamente a ser imposta é burocrática e ineficaz, não faz sentido que em vez de escutar o protesto e perceber a razoabilidade das coisas se venha dizer que o modelo até pode ser mau mas não se mexe em tal coisa até ao fim do ano lectivo. Se é mau, então que se lhe ponha termo o mais depressa possível. Isto não é sério. Nem é sério confundir o protesto de tantos milhares com o estafado argumento de que os professores que andam nisto querem boa vida.
Numa sociedade que se quer desenvolvida, os professores são o instrumento mais poderoso de transformação. A classe que mais de perto determina a capacidade, a formação e o desenvolvimento das nossas crianças. Deve, pela sua importância social, ser tratada com o respeito que a sua função merece e aquilo que temos vindo a assistir é a um processo de humilhação que não é razoável num Estado democrático. Não admira a situação de pré-insurreição que se vive. Alguma humildade democrática faria bem a esta maioria absoluta. No caso dos professores, definitivamente o Ministério perdeu a razão.


Francisco Moita Flores, Professor universitário

A sorte da Ministra...


domingo, 21 de dezembro de 2008

A todos os meus colegas, alunos e amigos, os meus votos de um Santo e Feliz Natal e que 2009 vos traga Paz, Alegria, Sucesso e muito Amor.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008


O Natal que eu quero 30.11.2008, Daniel Sampaio


Não ninguém me pediu opinião, eu sei. Na escola é costume não ligar muitoao que pensam os alunos. Mas eu gramo a escola, gosto dos meus amigose há uma data de professores que até são fixes.Ando no 8.º, tenho bué de disciplinas, algumas não dá para entender.Estudo acompanhado para um gajo de 14 anos? Formação Cívica? Nãopercebo bem, é uma coisa de 90 minutos por semana em que o stôr, que éo director de turma (nós dizemos DT), está sempre a mandar vir, adizer para nos portarmos bem. Da Matemática não me apetece falar, ostôr tem pouca pachorra para tirar dúvidas. História é um bocado secae percebo mal o livro, faço confusão porque não contam a vida dos reiscomo o meu avô me explicava, por isso estudo para os testes e depoisesqueço tudo.Não, não pensem que venho aqui criticar a escola, já disse que gostode lá andar. O problema é que aquilo anda mesmo esquisito, podem crer.Já o ano passado os stôres andavam às turras com a ministra eapareciam nas aulas chateados, um gajo mandava uma boca e levava logoum sermão, às vezes diziam mesmo para nos queixarmos à ministra, comose chibar fosse coisa que desse jeito. Mas este ano está bem pior:falamos com os professores nos intervalos, "olá, stôr!" e eles andammesmo tristes, a minha stôra de Inglês, que eu curto bué, diz que está"desmotivada" e que está farta de grelhas de avaliação e de pensar emobjectivos. Eu de grelhas não percebo nada e, quanto aos objectivos,os meus são divertir-me uma beca e passar o ano, não quero mesmo ficarpara trás porque os meus pais dão-me nas orelhas e fico sem os meusamigos, que é uma das coisas porreiras que a escola tem.Por isso peço a todos que se entendam. Ver os professores aos berrosna rua é uma coisa que eu compreendo, têm todo o direito porque nós àsvezes também andamos, o problema é que assim ainda há menos gente apreocupar-se connosco. Os nossos pais não têm tempo, andam sempre atrabalhar e ficam descansados porque estamos na escola a aprender e alutar pelo nosso futuro, mas agora a coisa está preta, os nossosstôres estão cansados, o que é mau para nós: quem nos ajuda quandoestamos aflitos? Eu sempre contei com um ou dois dos meus stôres, oano passado quando me achava um monstro (cheio de borbulhas e a sentirque as miúdas não olhavam para mim) foi a stôra de Português que mechamou no fim da aula e conversou comigo, bastou ela ouvir com atençãoe dizer que compreendia o que eu sentia para me sentir muito melhor. Equando o Tavares disse que se ia matar porque a rapariga com quemandava foi vista a curtir com um gajo qualquer, foi o nosso DT quefalou com ele e lhe arranjou uma consulta no psicólogo.Não percebo nada da guerra dos professores, só sei que deve ser justaporque eles esforçam-se muito, já pensaram no que é aturar a malta,sobretudo alguns que só querem fazer porcaria, põem-se aos berros nasaulas e não obedecem, às vezes até palavrões dizem para os stôres?Muitos de nós querem aprender, mas o barulho é grande e há muitaconfusão, há lá gajos, repetentes e isso, que só lá estão porque sãoobrigados, depois há outros que são de fora e não percebem bemportuguês, outros ainda têm problemas em casa e passam mal, a Vanessaque tem um pai alcoólico e que chora quase todos os dias ainda porcima foi empurrada na aula por um colega que só lá está a armarconfusão... o DT disse que nós devíamos ser responsáveis e quetínhamos de acabar com isso, mas eu acho que a ministra devia era darforça aos professores para serem melhores, o meu pai diz que ela àsvezes está certa mas eu não concordo, se vejo todos, mesmo todos osstôres da minha escola contra ela devem ter razão, os professores àsvezes erram mas são importantes para nós, precisamos de estudar paraver se nos livramos do desemprego, isso é que é verdade!Por isso espalhem este mail, façam forward para quem quiserem. Digamaos que mandam para terminarem com as discussões que já estamos fartose como na minha escola somos todos contra isso dos ovos (umaestupidez), digam à ministra e aos sindicatos que já chega! Façam umaescola melhor, ajudem os professores a resolver todos os problemas dasaulas (ninguém pode fazer isso em vez dos stôres) e arranjem maneirade nós aprendermos mais, para ver se percebemos melhor o mundo e nossafamos, o que está a ser difícil.
Quem quiser dê opinião, o meu mail é brunovanderley@gmail.com, sou do8.º E da Escola Básica 2/3 do Lá Vai Um.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Respostas à DREN



Ex.mos Srs.


Sou professora há vinte e oito anos. Durante todos estes anos não tive o prazer de receber uma única carta (a Internet é uma invenção recente) nem um e-mail dos vossos serviços, excepto quando fui convidada pelo então ministro David Justino para participar nos Encontros de Caparide, sobre os novos programas de Português. Este convite deveu-se ao facto da minha escola ter estado durante cinco anos consecutivos nos cinco primeiros lugares dos Rankings dos Exames Nacionais do Ensino Secundário e de eu ser uma das professoras responsáveis pelos resultados. De repente, recebo duas comunicações endereçadas por noreply a convidar-me a colocar os meus objectivos on-line (provavelmente para me poupar trabalho e para evitar ter que os discutir com a minha avaliadora, conforme a lei obriga) e ainda três esclarecimentos enviados pelos vossos serviços. Assim gostaria de esclarecer que:
1º Não sou loura nem burra;
2º Sei ler e interpretar a legislação, que mal seria se o não fizesse sendo professora de Português, mas, admitindo que o não fosse, tenho amigos e familiares advogados e juízes sempre prontos a esclarecer-me;
3º Desde o concurso para professores titulares, considero que os vossos serviços não merecem a honra de me contactarem nem de receberem uma resposta minha;
4º Durante vinte e oito anos de serviço dediquei a minha vida à escola, e expensas da minha própria família (prescindi mesmo da licença de amamentação do meu filho para orientar estágio, a pedido do Conselho Directivo, por não haver ninguém disponível e para não perdermos o núcleo de estágio);
5º Na escola onde lecciono, a Secundária de Barcelos, dos professores no 9º escalão, só eu e uma colega do mesmo Departamento ocupámos um tão grande número de cargos. Estive durante três mandatos no Conselho Executivo, fui Directora de Turma, orientei o estágio da Universidade Católica de Braga, orientei estágio na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (Docente de Apoio Pedagógico), fui Coordenadora dos Directores de Turma, fui Coordenadora de Departamento e de Secção. Dos cargos existentes na escola só não fui Directora da Biblioteca nem doutras instalações, nem pertenci à Assembleia de Escola;


6º Quase todos estes cargos foram exercidos antes de 2000, ficando, por isso, fora dos sete anos escolhidos para a candidatura a Professor Titular (Portugal deve ser o único país em que Curriculum Vitae não significa toda a vida mas apenas sete anos. A propósito, fui confirmar e no meu processo há registo de todos os meus cargos, de todas as minhas faltas, horários de todos os meus anos lectivos ao contrário do que a Sra. Ministra afirmou quando justificou que o concurso só dizia respeito aos últimos sete anos por falta de registos anteriores;
7º Quase me esqueci de mencionar (pois para o Ministério parece ser o menos importante) que fui professora, tenho anos lectivos sem uma única falta, os meus alunos continuam a ser excelentes nos Exames Nacionais, fiz, para me actualizar todas as acções do Projecto Falar sendo, por isso, Professora Acompanhante dos novos programas de Português;
8º Consegui no concurso para Professora Titular 124 pontos mas não tive vaga, pelo que não passo duma mera professora, que nas palavras da Sra. Ministra não pertence ao leque dos professores excelentes que os pais devem ambicionar para os seus filhos. Na minha escola, num outro Departamento, uma colega é Titular com oitenta e poucos pontos, o mesmo acontecendo noutras escolas;
9º Como aparte devo referir que muitos dos meus antigos alunos desejam que eu seja a professora dos filhos, sabe-se lá porquê!
10º Neste momento, de acordo com a lista graduada da minha escola, descobri que estou no limbo (apesar do papa o ter extinguido) pois apenas tenho o meu índice remuneratório, não pertencendo a nenhum escalão;
Assim, e em jeito de conclusão, agradecia que parassem de me enviar e-mails. Para o caso de não lerem este, vou assinalar no meu o vosso endereço como spam evitando assim enervar-me sempre que vejo o vosso contacto.
Sem mais



Ana Maria Bonifácio

sábado, 13 de dezembro de 2008

Ratos???

Nos últimos dias recebi SMSs de diversos colegas alertando para a presença do Jorge Pedreira, secretário de estado da educação, numa palestra a realizar em Setúbal, no dia 16 de Novembro às 17h. A palestra era subordinado ao tema "Política de Educação", foi promovida pela distrital do PS mas era aberto a não-militantes.Eu lá apareci, pensando que ia encontrar vários colegas da nossa escola, mas fui o único. No auditório da Estalagem do Sado, estávamos oitenta pessoas, o que corresponde a cerca de metade dos lugares. Esperava ver lá mais gente. Quase todos os presentes eram militantes do PS e percebi mais tarde, pelas intervenções, que cerca de metade dos presentes eram, também, professores. Eu, que sou apartidário e feroz crítico de quase tudo o que seja políticos e seus comportamentos, e nada habituado a estas lides, ali fiquei sentado ao lado de um colega de outra escola, na última fila.Na mesa estava o secretário de estado, ladeado pelo ex-deputado, actual presidente da distrital do PS (e também pintor) Vítor Ramalho, e por um indivíduo que nunca falou e que desconheço. Na plateia reconheci de imediato o Humberto Daniel, ex-presidente da junta de freguesia de S. Sebastião, e o Paulo Pedroso, deputado do PS.A palestra foi um misto de operação de charme e de apalpar o pulso aos militantes sobre o assunto em causa.O secretário de estado falou durante 50m, ininterruptamente e sem recurso a qualquer tópico escrito. Trazia, natural e obviamente, a lição mais do que sabida. Disse essencialmente disparates, mentiras e até ofendeu os professores. Aquelas coisas que estamos fartos de ouvir: os professores trabalham poucas horas, nunca foram avaliados, não querem ser avaliados, os sindicatos assinaram e agora não cumprem com o que assinaram, os professores eram uns privilegiados porque progrediam automaticamente nas carreiras, o excessivo abandono escolar, a falta de hierarquias, o premiar do mérito, etc., etc., etc.Depois houve inscrições para expor opiniões. Inscreveram-se 27 pessoas, entre as quais eu, que falei mais ou menos a meio. Pensei que a generalidade dos militantes aproveitasse a ocasião para tecer elogios às virtudes do ECD e do seu modelo de avaliação, mas não foi isso que aconteceu. Começou por falar o militante Chocolate Contradanças (é esse o seu nome) que foi professor e se disse desgostoso por ver o estado de desmotivação em que a sua mulher está, ela ainda professora, e referiu que o PS iria perder a maioria absoluta devido a esta ME; foi aplaudido. O Humberto Daniel teve uma intervenção bombástica ao começar por dizer que "por muito menos o Correia e Campos foi para a rua"; foi aplaudido. Outros militantes se seguiram. O Paulo Pedroso teceu críticas ferozes, também preocupado com os resultados eleitorais. Disse "a Escola está agora pior" e, referindo-se a uma passagem do discurso do secretário de estado em que este dizia que os últimos dez anos foram uma barafunda (não me lembro se a palavra foi esta ou outra idêntica) nas escolas, Pedroso lembrou que "o PS esteve 7 desses 10 anos no governo"; foi muito aplaudido.Seguiram-se outras intervenções, de professores, alguns membros de conselhos executivos, ex-professores e militantes do PS, cada uma apontando aspectos diferentes das fraquezas deste modelo de avaliação, raramente se apontando virtudes.Chegou a minha vez e quis partir mais alguma loiça, pois estava revoltado sobretudo com uma frase dita pelo secretário de estado e que não havia sido ainda comentada por ninguém. No final do seu discurso ele havia dito, referindo-se às negociações com os sindicatos, que não estava na disposição de ceder nem de renegociar. Coroou o seu raciocínio com o provérbio chinês "Quando se dá uma bolacha a um rato, a seguir ele quer um copo de leite." Assim, sem tirar nem pôr! Depois de me apresentar, esclareci que sabia o que era uma metáfora mas que não podia ficar indiferente à contextualização dada àquele provérbio, onde os professores eram comparados aos ratos, e salientei: - Um professor pode até aceitar uma bolacha e pode até beber um copo de leite, mas também sabe desmontar uma ratoeira; Tensão na sala, com muitos olhos em cima de mim, de pé, com o microfone na mão. Mas não fraquejei e achei que devia ser ainda mais contundente. Depois de referir as fraquezas deste modelo, a má-fé e as reais intenções que estão por trás dele disse:- Isto é uma palhaçada!Continuei dizendo que o ME está sempre a passar à opinião pública que os professores trabalham poucas horas e que têm muito tempo de férias. Lembrei que:- Em relação às horas, não sei como chegam a essa conclusão, pois eu nunca trabalho menos de 40h por semana, e é frequente trabalhar bem mais. Quanto às férias e às paragens, como nos podem atirar isso à cara se nos limitamos a cumprir o calendário estipulado pelo ministério? Até parece que os professores andam a roubar alguma coisa a alguém. Sabia que estava a pisar terrenos argilosos, mas arrisquei de novo:- Isto é uma palhaçada!Às tantas o Vítor Ramalho interveio e disse que não podia admitir esta linguagem, que se tratava de um encontro de militantes do PS onde as pessoas se respeitavam. Eu, que vejo na generalidade dos políticos pessoas que são tudo menos sérias, estive-me nas tintas para os seus pruridos. Perguntei-lhe se os não-militantes não podiam intervir. Ele disse que sim. Perguntei-lhe se me deixava continuar e concluir a minha opinião. Disse de novo que sim, e eu continuei. Para concluir lembrei-me de uma série de ataques que o secretário de estado fez aos professores e às suas formações. A esses ataques respondi:- Todos os professores têm formação média, superior ou equiparada, alguns têm mestrado, outros têm doutoramento. Fizeram profissionalização dentro dos moldes estipulados superiormente. Fazem acções de formação e actualização com regularidade. Como nos podem atirar também isso à cara? Lembro que mais de 90% dos professores têm habilitações académicas superiores às do primeiro-ministro.Aí é que foram elas! Não se podia falar mal do ai-jesus de todos eles, ali. Pateadas da mesa e de muitos dos presentes na plateia. Ainda perguntei, por duas vezes:- Estou a dizer alguma mentira?Ninguém me disse que não. Sentei-me; ninguém bateu palmas. Ouvi atentamente as intervenções seguintes.Um psicólogo referiu que a ministra tem, à partida, qualquer coisa contra os professores, e que isso é notório nas suas intervenções. O último a falar foi um colega que referiu conhecer como funcionam as coisas noutros países da Europa, onde esteve várias vezes em trabalho, e de não saber de nenhum onde os professores sejam divididos em duas carreiras. Questionava ele a que país, afinal, tinha ido o ME inspirar-se.Para terminar, foi dada a palavra ao secretário de estado, que voltou a falar das virtudes deste modelo de avaliação e da importância de o levar à prática. Foi um discurso circular, onde muito pouco se reflectiram as preocupações colocadas pela plateia.Foi assim a minha aventura, de quatro horas, numa palestra promovida pelo partido que suporta o governo que está a destruir o ensino público no nosso País.
António GalrinhoPublicado por JoãoTilly em Novembro 20, 2008 07:37 AM

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Procura-se Sabedoria...



A nossa cultura é hoje muito superficial, e os nossos conhecimentos são muito perigosos, já que a nossa riqueza em mecânica contrasta com a pobreza de propósitos. O equilíbrio de espírito que hauríamos outrora na fé ardente, já se foi: depois que a ciência destruiu as bases sobrenaturais da moralidade o mundo inteiro parece consumir-se num desordenado individualismo, reflector da caótica fragmentação do nosso carácter.
Novamente somos defrontados pelo problema atormentador de Sócrates: como encontrar uma ética natural que substitua as sanções sobrenaturais já sem influência sobre a conduta do homem? Sem filosofia, sem esta visão de conjunto que unifica os propósitos e estabelece a hierarquia dos desejos, malbaratamos a nossa herança social em corrupção cínica de um lado e em loucuras revolucionárias de outro; abandonamos num momento o nosso idealismo pacífico para mergulharmos nos suicídos em massa da guerra; vemos surgir cem mil políticos e nem um só estadista; movemo-nos sobre a terra com velocidades nunca antes alcançadas mas não sabemos oara onde vamos, nem se no fim da viagem alcançaremos qualquer espécie de felicidade. Os nossos conhecimentos destroem-nos. Embebedem-nos com o poder que nos dão. A única salvação está na sabedoria.



Rui Baião.

Professor do ano? Confimo-o!







Excelente! Obrigado...



Caros colegas,


Sou militante do PS desde 1989 e estive ontem na sede do PS, Largo do Rato. Não tive a oportunidade de intervenção porque houve bastante participação. Inscrevi-me, mas confesso que abdiquei da minha intervenção pois iria repetir-me. Em resumo: insistência e muita propaganda para validar o modelo a qualquer custo. A divisão da carreira é para continuar, sendo que foi demonstrado cabalmente que não corresponde ao mérito mas sim a redução de custos e que mais de 2/3 dos professores jamais a atingem. Quero deixar a mensagem que só muito poucos é que tiveram a coragem de dizer as verdades. Enfim, a pressão é muita e o satus presente não permitiu que todos nos sentissemos "livres".Porque sou socialista, porque acredito num verdadeiro PS e não neste, porque quero e luto por um PS mais justo, mais digno, mais fraterno... irei fazer greve assim como muito dos colegas presentes. Quero ainda dizer-vos: Este PS está aflito. Vai recorrer a tudo o que puder para levar por diante toda esta maquinação. Dizem que não podem perder a face.Nós professores também não! Se ganharmos agora, ganhamos todos! Se perdermos neste momento, jamais nos levantaremos! O PS de Sócrates e não dos socialistas tudo irá fazer para nos vergar. Isto é uma certeza. Cabe-nos a nós resistir, porque resistir é vencer!Aguardo melhores dias para o meu verdadeiro PS.



PS: Foi dito por um colega que neste momento o PS já tinha perdido a maioria e que se arriscava mesmo a perder as eleições com esta luta contra os professores. Este PS não está mesmo preocupado... e todos nós julgamos saber porquê. Quem vier a seguir que feche a porta, pois estes já têm lugar de estadia e vôo marcado para destinos definidos e bem remunerados.


Ass: Militante do PS

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Simplex...





AFINAL.....O ANÚNCIO DO SIMPLEX!


Estupefacta, mas não surpreendida. Como milhares de professores, ontem ouvi a
sra. Ministra:
Afinal...é possível reduzir burocracia...!
Afinal...são muitas as fichas...!
Afinal...alguns procedimentos são inviáveis...!
Afinal...há parâmetros que ainda não se sabe como podem ser quantificados
para serem medidos/avaliados...!
Afinal...há horários sobrecarregados...!
Afinal...há avaliadores que não podem avaliar avaliados...!
Afinal... afinal...!
Imaginem-se depois de dar uma aula, na aula seguinte enfrentar uma turma para
lhes dizer que...
Afinal... o princípio teórico exposto antes estava errado...!
Afinal ...a solução prática ensinada não podia ser aquela...!
Afinal... aquele conteúdo não era para aquela turma...!
Afinal.. aquele manual não era o adequado...!
Afinal... aquela ficha de trabalho não era para aqueles conteúdos...!
Afinal ...aquela ficha de avaliação não era para aquele momento...!
Afinal... o que andam os professores a gritar na rua desde antes de 8 de
Março?
Afinal...a sra. Ministra conhece ou não conhece os decretos que assina?
Afinal ... a sra. Ministra lê ou não lê para além das evidências ?
Afinal...a sra. Ministra escuta ou não escuta os seus interlocutores?
Afinal... a sra. Ministra não disse o que disse?
Afinal ...a sra. Ministra fez ou não fez declarações na comunicação social
na tarde de 8 de Novembro?
Afinal..afinal...afinal...?
Afinal...a solução para os problemas existe!
Afinal...os ministros todos juntos encontraram a solução!
Afinal...a montanha pariu um rato!
Afinal...já todos conhecíamos a solução - SIMPLEX!
Afinal...nada de novo!
Afinal...faça-se o mesmo que se fez aos professores contratados no ano
passado!
Afinal...vai ser melhor que o ano passado: vão ser avaliados todos os que
quiserem ser, com direito a Excelente, Muito Bom ...e tudo!
Sra. Ministra,
Amélia Rei Colaço celebrizou a frase "As árvores morrem de pé!"
A diferença, afinal...é que as árvores têm pé!
Fátima Fontinha
20 de Novembro de 2008


Estupefacta, mas não surpreendida. Como milhares de professores, ontem ouvi a
sra. Ministra:
Afinal...é possível reduzir burocracia...!
Afinal...são muitas as fichas...!
Afinal...alguns procedimentos são inviáveis...!
Afinal...há parâmetros que ainda não se sabe como podem ser quantificados
para serem medidos/avaliados...!
Afinal...há horários sobrecarregados...!
Afinal...há avaliadores que não podem avaliar avaliados...!
Afinal... afinal...!
Imaginem-se depois de dar uma aula, na aula seguinte enfrentar uma turma para
lhes dizer que...
Afinal... o princípio teórico exposto antes estava errado...!
Afinal ...a solução prática ensinada não podia ser aquela...!
Afinal... aquele conteúdo não era para aquela turma...!
Afinal.. aquele manual não era o adequado...!
Afinal... aquela ficha de trabalho não era para aqueles conteúdos...!
Afinal ...aquela ficha de avaliação não era para aquele momento...!
Afinal... o que andam os professores a gritar na rua desde antes de 8 de
Março?
Afinal...a sra. Ministra conhece ou não conhece os decretos que assina?
Afinal ... a sra. Ministra lê ou não lê para além das evidências ?
Afinal...a sra. Ministra escuta ou não escuta os seus interlocutores?
Afinal... a sra. Ministra não disse o que disse?
Afinal ...a sra. Ministra fez ou não fez declarações na comunicação social
na tarde de 8 de Novembro?
Afinal..afinal...afinal...?
Afinal...a solução para os problemas existe!
Afinal...os ministros todos juntos encontraram a solução!
Afinal...a montanha pariu um rato!
Afinal...já todos conhecíamos a solução - SIMPLEX!
Afinal...nada de novo!
Afinal...faça-se o mesmo que se fez aos professores contratados no ano
passado!
Afinal...vai ser melhor que o ano passado: vão ser avaliados todos os que
quiserem ser, com direito a Excelente, Muito Bom ...e tudo!
Sra. Ministra,
Amélia Rei Colaço celebrizou a frase "As árvores morrem de pé!"
A diferença, afinal...é que as árvores têm pé!



Fátima Fontinha
20 de Novembro de 2008

sexta-feira, 21 de novembro de 2008



Colegas,

Suponho que todos se sintam sensibilizados por sentirem que, no passado Sábado, fizeram parte de “algo maior”, que fizeram parte da história…
Pois na história, por maior e mais significativa que tenha sido a manifestação, é onde todos e cada um dos 120 000 irá ficar se, chegados às escolas, nada fizerem para mudar as coisas.
Sei que muitos se sentiram desiludidos com as consequências práticas da primeira manifestação e que muitos temem a repetição do mesmo com esta segunda manifestação. Alguns sentem-se desiludidos, ou mesmo ultrajados, com as declarações da Sr.ª ministra da Educação na televisão…Seremos assim tão ingénuos que estávamos à espera que ela viesse às televisões pedir desculpa, dizer que se tinha enganado e que se iria empenhar, connosco, no combate aos verdadeiros males do nosso ensino?! Não me façam rir!
Porque não há-de a ministra se sentir segura, se ela sabe que 90% dos professores que aos Sábados vêm gritar para as ruas chegam às escolas, na segunda-feira seguinte, e continuam a colaborar na política das aparências…
Ela conta com o nosso medo, conta com a nossa inércia, conta com o nosso “seguidismo”…Não lhe interessa resolver nada do que está mal, interessa-lhe apenas a nossa colaboração. E ela sabe que a está a ter em centenas de escolas, as mesmas de onde vieram muitos dos 120 000. A esse medo chama-se CONIVÊNCIA!
Sejamos honestos! Em causa não está a avaliação, mas TUDO o resto. Toda a política da aparência que está a conduzir o sistema de ensino público português para o mesmo caminho que o nosso famigerado sistema nacional de saúde.
Quem, de entre nós, tendo um pouco de dinheiro, não prefere recorrer a uma clínica privada do que perder horas num centro de saúde ou num hospital público?! Pois o mesmo irá acontecer ao sistema de ensino público português, caso não nos revoltemos contra esta política que, perante as dificuldades, cede.
No futuro, e o futuro é daqui a dois ou três anos, no sistema de ensino público ficarão apenas os que forem incapazes de fugir para o privado: professores e alunos.
Os meninos estão a ter maus resultados a Matemática? Não faz mal, baixa-se o nível de exigência dos exames. Os meninos ficam retidos no final do ano? Não faz mal, inventam-se dezenas de “planos” e de “justificações” e o pessoal, só para não ter que preencher a papelada, continua a “engolir sapos” e a passar os meninos todos no final de cada ano.
É necessário passar a imagem, para a opinião pública, que o governo está muito preocupado com os problemas do ensino? Inventa-se uma “avaliação burocrática de docentes” e a malta colabora, com medo, e vamos para casa todos contentes com o “Bom”…
O sistema público de ensino está a ruir a cada ano e em vez de enfrentarmos os problemas de frente e assumir o que está mal, incluindo o que está errado dentro da classe docente, continuamos a colaborar com o “sistema”…Ou seja, o “Titanic” afunda-se, mas nós continuamos a dançar ao som da orquestra…Pois bem, se houver alguém que acredite que este sistema de avaliação vai melhorar o nosso sistema de ensino, que entregue os objectivos pessoais.
Se houver alguém que acredita que os professores que se esforçam, que sempre se esforçaram, vão ser “premiados”, que entregue os objectivos pessoais.
Se alguém acredita que os nossos colegas que sempre fizeram do ensino a sua “segunda profissão” e se gabam de usar indiscriminadamente os 102 irão ser penalizados, que entregue os objectivos pessoais.
Se alguém acredita que este processo nos irá ajudar a melhorar os nossos métodos de ensino e a ser melhores professores, que entregue os objectivos pessoais.
Se alguém acredita que este processo irá permitir detectar os nossos erros e corrigi-los, beneficiando indirectamente os nossos alunos, que entregue os objectivos pessoais.Mas NÃO ENTREGUEM OS OBJECTIVOS POR MEDO! Não cedam à chantagem do medo e às ameaças da ministra. Todos temos muito a perder, mas há coisas que não têm preço…Uma delas é a nossa dignidade profissional.
Nós somos professores e, na nossa profissão, todos os dias somos confrontados com ameaças directas à nossa autoridade. Quando não temos mais argumentos para convencer os nossos alunos pela razão, o que é que fazemos?! Ameaçamos! É a última arma que resta, quando faltam mais argumentos…Sabemos bem como é!
Pois bem, temos uma ministra que, há muito, desistiu de nos convencer pela razão, pois nós bem sabemos da hipocrisia desta pseudo-avaliação. Que lhe resta? A ameaça…Como não pode mandar os professores para a “rua” com uma falta disciplinar, ameaça-nos com a não progressão na carreira. E nós? Nós, pelos vistos, cedemos com um sorriso nos lábios…Seremos assim tão ingénuos que pensamos que, se alinharmos no “esquema” e entregarmos os objectivos, nada nos irá acontecer?!
Seremos tão ingénuos ao ponto de pensar que, se alinharmos com o “sistema”, o nosso emprego estará assegurado para sempre?
Será que as pessoas não compreenderam que os tempos mudaram e que já não há certezas no que toca a um emprego para toda a vida, nem mesmo para quem trabalha para o Estado?
ACORDEM e olhem à vossa volta…Estamos a entrar numa das piores crises financeiras que o mundo ocidental já conheceu… Alguém acredita que o seu emprego estará seguro indefinidamente só por não contrariar o “chefe”?! Os tempos mudaram e não voltam atrás, nem mesmo para quem é funcionário público.
A escola de Silves está cheia de pessoas normais, não de super-heróis. As pessoas que estão a boicotar a avaliação na minha escola são pessoas honestas e cumpridoras da lei. Pagam impostos e não têm cadastro criminal. Não são loucas, nem irresponsáveis e, por isso, também têm medo.
Estão habituadas a ensinar aos seus alunos e filhos a cumprir as leis. Mas sabem que antes de qualquer lei, está a lealdade e a rectidão perante as nossas mais profundas convicções.
Os professores de Silves também têm medo das repercussões que este acto de resistência pode ter nas suas carreiras, sobretudo os corajosos avaliadores que arriscam, talvez, um processo disciplinar. De onde lhes vem a coragem? De saber que pior que ter medo de não cumprir esta avaliação, é o medo de olharmos para o espelho e termos vergonha de não termos defendido a nossa dignidade profissional e os nossos alunos.
É disso que se trata, de defender a dignidade do nosso sistema de ensino. É daí que nos vem a força, das nossas convicções…Como poderíamos olhar de frente, olhos nos olhos, os nossos alunos se cedêssemos na luta pelos nossos ideais?
A ministra ameaça-nos como “meninos mal comportados” e nós claudicamos? Em Silves, não!Não sigam o exemplo dos professores do Agrupamento Vertical de Escolas Dr. Garcia Domingues de Silves, sigam a vossa consciência. E se, perante ela, se sentirem bem em entregar os objectivos pessoais, entreguem-nos!
Nós, perante o medo, continuamos a RESISTIR! E desde que o começámos a fazer que dormimos melhor e que temos um outro sorriso…Estamos bem com a nossa consciência e isso não tem preço.
Desde que resisto, que sou MAIS FELIZ! Os meus alunos agradecem…



Pedro Nuno Teixeira Santos, BI 10081573, professor QZP do grupo 230 no Agrupamento Vertical de Escolas Dr. Garcia Domingues (Silves)




Avaliação dos professores Opinião de uma advogada


Já que muitos jornalistas e comentadores defendem e compreendem o modelo proposto para a avaliação dos docentes, estranho que, por analogia, não o apliquem a outras profissões (médicos, enfermeiros, juízes, etc.).

Se é suposto compreenderem o que está em causa e as virtualidades deste modelo, vamos imaginar a sua aplicação a uma outra profissão, os médicos.

A carreira seria dividida em duas:

Médico titular (a que apenas um terço dos profissionais poderia aspirar) e Médico.

A avaliação seria feita pelos pares e pelo director de serviços.
Assim, o médico titular teria de assistir a três sessões de consultas, por ano, dos seus subordinados, verificar o diagnóstico, tratamento e prescrição de todos os pacientes observados. Avaliaria também um portefólio com o registo de todos os doentes a cargo do médico a avaliar, com todos os planos de acção, tratamentos e respectiva análise relativa aos pacientes.

O médico teria de estabelecer, anualmente os seus objectivos:
doentes a tratar, a curar, etc.
A morte de qualquer paciente, ainda que por razões alheias à acção médica, seria penalizadora para o clínico, bem como todos os casos de insucesso na cura, ainda que grande parte dos doentes sofresse de doença incurável, ou terminal. Seriam avaliados da
mesma forma todos os clínicos, quer a sua especialidade fosse oncologia, nefrologia ou cirurgia estética...

Poder-se-ia estabelecer a analogia completa, mas penso que os nossos 'especialistas' na área da educação não terão dificuldade em levar o exercício até ao fim.

A questão é saber se consideram aceitável o modelo?

Caso a resposta seja afirmativa, então porque não aplicar o mesmo, tão virtuoso, a todas as profissões?

Será???!!!

Já agora...

Poderiam começar a 'experiência' pela Assembleia da República e pelos (des)governantes...

domingo, 16 de novembro de 2008

Obrigado «Gatos»!



Pelo magnífico programa de hoje! Os professores agradecem...

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

O «Outro»...




Que havia, pois, mais para a vida, para responder ao seu desafio de milagre e de vazio, do que vivê-la no imediato, na execução absoluta do seu apelo? Eliminar o desejo dos outros para exaltar o nosso. Queimar no dia-a-dia os restos de ontem. Ser só abertura para amanhã. A vida real não eram as leis dos outros e a sua sanção e o seu teimoso estabelecimento de uma comunidade para o furor de uma plenitude solitária. O absoluto da vida, a resposta fechada para o seu fechado desafio só podia revelar-se e executar-se na união total com nós mesmos, com as forças derradeiras que nos trazem de pé e são nós e exigem realizar-se até ao esgotamento. Este «eu» solitário que achamos nos instantes de solidão final, se ninguém o pode conhecer, como pode alguém julgá-lo? E de que serve esse «eu» e a sua descoberta, se o condenamos à prisão? Sabê-lo é afirmá-lo! Reconhecê-lo é dar-lhe razão. Que ignore isso o que ignora que é. Que o despreze e o amordace o que vive no dia-a-dia animal. Mas quem teve a dádiva da evidência de si, como condenar-se a si ao silêncio prisional? Ninguém pode pagar, nada pode pagar a gratuitidade deste milagre de sermos. Que ao menos nós lhe demos, a isso que somos, a oportunidade de o sermos até ao fim. Gritar aos astros até enrouquecermos. Iluminarmos a brasa que vive em nós até nos consumirmos. Respondermos com a absoluta liberdade ao desafio do fantástico que nos habita.



Rui Baião.

Poder da "Mente"




Há um primeiro-ministro que mente,

Mente de corpo e alma,

completa/mente.

E mente de modo tão pungente,

Que a gente acha que ele,

mente sincera/mente,

Mas que mente,

sobretudo, impune/mente...

Indecente/mente.

E mente tão habitual/mente,

Que acha que,

história afora,

enquanto mente,

Nos vai enganar eterna/mente.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Manif

"A vontade dos manifestantes ficou bem expressa que a greve deve ser em data anterior já que a ministra continua a confrontar e a batalhar a razão dos professores. Com efeito, 120 mil professores são 120 mil famílias, são milhares de professores que também são pais e encarregados de educação, são vários milhares que votaram no Partido Socialista e vêem uma ministra acusá-los de serem manobrados por sindicatos e de não quererem qualquer avaliação. Nunca pensei na minha vida ver um braço-de-ferro tão fraco. Desculpe, senhora "primeira-ministra", mas com essa estratégia político-subserviente de certeza que já perdeu as suas "eleições"
João Severino in PPTO

sábado, 8 de novembro de 2008

Orgulho...


Lutar...


Príncipes, Reis, Imperadores, Monarcas do Mundo: vedes a ruína dos vossos Reinos, vedes as aflições e misérias dos vossos vassalos, vedes as violências, vedes as opressões, vedes os tributos, vedes as pobrezas, vedes as fomes, vedes as guerras, vedes as mortes, vedes os cativeiros, vedes a assolação de tudo? Ou o vedes ou o não vedes. Se o vedes como o não remediais? E se o não remediais, como o vedes? Estais cegos. Príncipes, Eclesiásticos, grandes, maiores, supremos, e vós, ó Prelados, que estais em seu lugar: vedes as calamidades universais e particulares da Igreja, vedes os destroços da Fé, vedes o descaimento da Religião, vedes o desprezo das Leis Divinas, vedes o abuso do costumes, vedes os pecados públicos, vedes os escândalos, vedes as simonias, vedes os sacrilégios, vedes a falta da doutrina sã, vedes a condenação e perda de tantas almas, dentro e fora da Cristandade? Ou o vedes ou não o vedes. Se o vedes, como não o remediais, e se o não remediais, como o vedes? Estais cegos. Ministros da República, da Justiça, da Guerra, do Estado, do Mar, da Terra: vedes as obrigações que se descarregam sobre vosso cuidado, vedes o peso que carrega sobre vossas consciências, vedes as desatenções do governo, vedes as injustças, vedes os roubos, vedes os descaminhos, vedes os enredos, vedes as dilações, vedes os subornos, vedes as potências dos grandes e as vexações dos pequenos, vedes as lágrimas dos pobres, os clamores e gemidos de todos? Ou o vedes ou o não vedes. Se o vedes, como o não remediais? E se o não remediais, como o vedes? Estais cegos.
Padre António Vieira, in "Sermões"

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Para pensar...

A Grande Evasão

'Quem pode, foge. Muitos sujeitam-se a perder 40% do vencimento. Fogem para a liberdade. Deixam para trás a loucura e o inferno em que se transformaram as escolas. Em algumas escolas, os conselhos executivos ficaram reduzidos a uma pessoa. Há escolas em que se reformaram antecipadamente o PCE e o vice-presidente. Outras em que já não há docentes para leccionar nos CEFs. Nos grupos de recrutamento de Educação Tecnológica, a debandada tem sido geral, havendo já enormes dificuldades em conseguir substitutos nas cíclicas. O mesmo acontece com o grupo de recrutamento de Contabilidade e Economia. Há centenas de professores de Contabilidade e de Economia que optaram por reformas antecipadas, com penalizações de 40% porque preferem ir trabalhar como profissionais liberais ou em empresas de consultadoria. Só não sai quem não pode. Ou porque não consegue suportar os cortes no vencimento ou porque não tem a idade mínima exigida. Conheço pessoalmente dois professores do ensino secundário, com doutoramento, que optaram pela reforma antecipada com penalizações de 30% e 35%. Um deles, com 53 anos de idade e 33 anos de serviço, no 10º escalão, saiu com uma reforma de 1500 euros. O outro, com 58 anos de idade e 35 anos de serviço saiu com 1900 euros. E por que razão saíram? Não aguentam mais a humilhação de serem avaliados por colegas mais novos e com menos habilitações académicas. Não aguentam a quantidade de papelada, reuniões e burocracia. Não conseguem dispor de tempo para ensinar. Fogem porque não aceitam o novo paradigma de escola e professor e não aceitam ser prestadores de cuidados sociais e funcionários administrativos.'Se não ficasse na história da educação em Portugal como autora do lamentável 'pastiche' de Woody Allen 'Para acabar de vez com o ensino', a actual ministra teria lugar garantido aí e no Guinness por ter causado a maior debandada de que há memória de professores das escolas portuguesas. Segundo o JN de ontem, centenas de professores estão a pedir todos os meses a passagem à reforma, mesmo com enormes penalizações salariais, e esse número tem vindo a mais que duplicar de ano para ano.Os professores falam de 'desmotivação', de 'frustração', de 'saturação', de 'desconsideração cada vez maior relativamente à profissão', de 'se sentirem a mais' em escolas de cujo léxico desapareceram, como do próprio Estatuto da Carreira Docente, palavras como ensinar e aprender. Algo, convenhamos, um pouco diferente da 'escola de sucesso', do 'passa agora de ano e paga depois', dos milagres estatísticos e dos passarinhos a chilrear sobre que discorrem a ministra e os secretários de Estado sr. Feliz e sr. Contente. Que futuro é possível esperar de uma escola (e de um país) onde os professores se sentem a mais?'

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Esta vale...

Com o agradecimento pelo envio da transcrição ao Jorge do Fliscorno:
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Se antes era preciso estudar as causas dos maus resultados em Matemática, agora é urgente estudar as causas do milagre
O ano lectivo de 2007/2008 ficará para sempre na história da educação em Portugal. Nunca saberemos exactamente o que se passou. Mas a verdade é que ocorreu um milagre nos resultados dos exames (do básico e do secundário) e na avaliação das escolas e dos estudantes. Centenas e centenas de escolas viram as suas médias saltar, é esse o preciso termo, de negativas e medíocres níveis para positivas e gloriosos escalões. Mais de 400 escolas que hoje exibem médias positivas em todos os exames nacionais encontravam-se há um ano na lista negra das negativas. Considerando as vinte disciplinas do secundário com mais inscritos, mais de 82 por cento das escolas têm agora médias positivas. A média nacional dos exames de Matemática, negativa há um ano, é agora de mais de 12 valores! Há um ano, apenas 200 escolas conseguiam média positiva a Matemática. Agora, são mais de mil! Mais de 90 por cento das escolas têm agora média positiva a Matemática. Há escolas com médias a Matemática de 18 valores! No conjunto das duas disciplinas, Matemática e Português, 97 por cento obtiveram média positiva! Nas oito disciplinas principais do secundário, a média positiva foi atingida por 87 por cento das escolas!
As médias da Matemática, crónico cancro do sistema, eram o quadro da desonra de uma população manifestamente incapaz de contar. Pois bem! São hoje o certificado de honra e talento de um povo para o qual as equações e as derivadas deixaram de ser mistério. É possível que muitas escolas portuguesas, para já não dizer a média de todas, se situem hoje entre as mais competentes do mundo em Matemática!
Muita gente ficou feliz. Professores gratificados, estudantes recompensados e pais descansados podem comemorar o feito. Nas universidades, esperam-se agora massas de alunos motivados e qualificados. Nos empregos, sobretudo na banca, nos seguros, nas empresas de engenharia e nos laboratórios científicos, esfregam-se as mãos na expectativa de receber, dentro de poucos anos, profissionais extraordinariamente preparados para as contas, o cálculo e o raciocínio abstracto. Nos jornais e nas televisões, onde os jornalistas confundem milhares com milhões e não sabem calcular uma percentagem ou uma taxa de variação, teremos, brevemente, dados exemplares e contas limpas. Começa uma nova era!
O problema é que ninguém acredita! Os interessados não escondem um sorriso matreiro! Os outros, com sobrolho enrugado, desconfiam. Como foi possível? Tanto melhoramento em tão pouco tempo? De um ano para o outro? Melhores professores? Melhores alunos? Novos métodos? Programas renovados? Mais tempo de aulas? Manuais mais bem elaborados? Nova organização curricular? Professores mais empenhados e disponíveis para passar mais horas a ensinar Matemática? Mais explicações privadas? Todas estas perguntas têm necessariamente resposta negativa. Nada disso era possível num ano, nem para a maioria dos alunos e das famílias. Quem desconfia tem razão. E só encontra três explicações: os exames foram incompreensivelmente fáceis; as regras de avaliação foram extraordinariamente benevolentes; ou houve ingerência administrativa para corrigir as notas. O ministério e o Governo não escapam a estas hipóteses e, se estivessem realmente interessados em conhecer o que se passa na escola, teriam impedido este bodo, não se teriam mostrado beatamente satisfeitos e teriam já procurado saber as razões do milagre. A não ser, evidentemente, que o tenham preparado e encenado.
Se, até há dias, era indispensável estudar as causas e as consequências dos maus resultados em Matemática (assim como do Português, da Física e da Química), agora passa a ser urgente estudar as causas e as consequências deste milagre. Teria sido essa, aliás, a atitude honesta de um ministério e de um Governo preocupados com a educação dos cidadãos. Se ambos são estranhos a esta hipertrofia de resultados, se nenhum teve qualquer influência no processo de avaliação e se ambos estão de boa-fé, então teríamos uma decisão oficial que, de imediato, se propusesse saber as razões e os fundamentos de tal facto. Ninguém duvida de que educar mal é tão pernicioso quanto não educar. Em certo sentido, é pior. Preparar profissionais, técnicos, cientistas e professores num clima de complacência e facilidade pode ter resultados desastrosos. As expectativas criadas não são satisfeitas. As capacidades presumidas são falseadas. O desperdício social e económico é enorme. E é criada uma situação fictícia onde fazer de conta se transforma em virtude. Para tranquilidade dos contemporâneos e para desgraça das gerações futuras.
A publicação de todos os resultados nacionais, seguida da elaboração dos rankings respectivos, transformou-se num hábito, em breve será uma tradição. Ainda hoje há erros de avaliação, de apuramento e de classificação, além de que alguns tentam distorcer os resultados para dramatizar o panorama. Com o tempo, as coisas vão melhorando. Mas, depois de resistências de toda a ordem, a começar pelas de ministros, funcionários e professores, o gesto anual faz parte do calendário educativo. Tem tido consequências positivas. Há escolas, autarquias, professores e pais realmente preocupados com a percepção que todos temos deles. Querem melhorar e querem que se saiba. Não desejam ser conhecidos como as ovelhas ronhosas. Mas o efeito mais perverso foi inesperado. Tudo leva a crer que este milagre é um resultado colateral da abertura de informação. Se os resultados continuassem secretos, talvez os governantes não se tivessem ocupado do assunto. O próximo mistério é este: como conseguirão o Governo e o ministério convencer a comunidade internacional (já que, pelos vistos, a nacional não lhes interessa) da justeza e da bondade destes resultados?

António Barreto, Público, 2 de Novembro de 2008

sábado, 1 de novembro de 2008




Des (aprender)


Procuro despir-me do que aprendi

Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram,

E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,

Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,

Desembrulhar-me e ser eu...



terça-feira, 28 de outubro de 2008

Para escutar...e reter




Quando oiço falar muito no desafio científico e tecnológico, e que todo o investimento deve ir para a ciência e tecnologia, fico preocupado. Os homens integrais são feitos das diversas componentes da vida, e cultura científica e tecnológica sem cultura humanística não serve para nada. Serve para criar uns monstros que fazem bombas atómicas e não para criar pessoas que utilizem a energia nuclear para fins pacíficos. E o que nós pretendemos são estes, não os primeiros. (...) O acesso ao computador, ao telemóvel e outros meios tecnológicos não é incompatível com a cultura. Estes meios devem ser postos ao serviço de uma visão de vida que tende ser essencialmente ética, responsável e humanista.(...) O desinvestimento na chamada cultura humanística é preocupante. É preocupante saber-se que há vontade de desinvestir no ensino da música no Conservatório; é preocupante querer retirar a obrigatoriedade do ensino da filosofia nos currícula. A ciência não ensina tudo. Há cerca de vinte anos, trabalhava eu numa multinacional ligada à cultura, à edição, e numa reunião internacional falei com um colega inglês e perguntei-lhe como é que ele seleccionava um director de marketing, que era o que nós precisávamos em Portugal. E ele respondeu-me: «licenciado em filosofia». E explicou-me que os licenciados em marketing são bons para executar, mas os licenciados em filosofia são bons para pensar. E o que se espera de um director de marketing não é que execute, mas que tenha ideias. Esta é uma imagem fortíssima e combate a ideia errada de que para se fazer uma coisa é preciso ir buscar um especialista nessa área. Para pensar, para levar as outras pessoas a pensar, para gerir equipas, não se aprende nos cursos técnicos, mas em cursos que têm que ver com o homem, com a pessoa humana, com a psicologia, a história, a filosofia. Muitas vezes, o saber lidar com pessoas é mais importante do que saber em que sítio é que determinada porca atarraxa. Isso é para quem executa. Para gerir, para pensar, é preciso outro tipo de formação.

António Mega Ferreira (1949- ) Revista Life – Março/2007

domingo, 26 de outubro de 2008

Por vezes, tantas vezes...





Quando faço exame de consciência, lembro-me de vários “agoras” que foram perdidos e que não voltam mais. Na realidade, o que nos impede, na maioria das vezes, de ter o que queremos, ser o que sonhamos, fazer o que pensamos e aceitar com o coração é a ousadia que não cultivamos. A ousadia é, geralmente, escrava do medo... Quantas vezes perdemos a oportunidade de sermos felizes, pelo medo de ter ousadia de amar. Medo de ousar porque o objecto do amor era mais bonito, mais alto, mais rico, mais jovem, mais culto... e aí... o tempo passou e o agora também... Quantas vezes reaprendemos a sonhar e voltamos a perder a oportunidade de realizar um grande sonho, por não termos coragem de ousar, de arriscar deixando para depois ou para mais tarde o que deveria ser naquele agora... Quantas vezes não pronunciamos, no momento oportuno, as palavras que gostaríamos de dizer, pelo medo de parecermos ridículos e imaturos... Quantas vezes ficamos por medo de partir. Quantas vezes partimos por medo de ficar. Quantas vezes dizemos baixinho o que na verdade gostaríamos de gritar. Quantas vezes...
Rui Baião.

domingo, 19 de outubro de 2008

O bom exemplo da Escola de Arraiolos...




Um PROTESTO muito sentido

De acordo com o estipulado no Decreto-Lei nº 15/2007 de 19 de Janeiro, artigo 5º
a) O direito a emitir opiniões e recomendações sobre as orientações e o funcionamento do estabelecimento de ensino e do sistema educativo, os professores deste departamento avançam com as seguintes reflexões:
Estamos convictos que o modelo de avaliação de desempenho a que nos querem obrigar vai contribuir para a criação de conflitos, enfraquecimento de laços de cooperação e, na generalidade, culminar com o enfraquecimento das relações de respeito entre os docentes. Esta situação contraria totalmente tudo aquilo em que acreditamos e que se encontra consignada no Decreto-Lei nº 15/2007 de 19 de Janeiro:
Artigo 10º- Deveres gerais
c) Colaborar com todos os intervenientes no processo educativo, favorecendo a criação de laços de cooperação e o desenvolvimento de relações de respeito e reconhecimento mútuo, em especial entre docentes, alunos, encarregados de educação e pessoal não docente
Artigo 10º-B- Deveres para com a escola e os outros docentes
Constituem deveres específicos dos docentes para com a escola e outros docentes:
d) Promover o bom relacionamento e a cooperação entre todos os docentes, dando especial atenção aos que se encontram em início de carreira ou em formação ou que denotem dificuldades no seu exercício profissional;
e) Partilhar com os outros docentes a informação, os recursos didácticos e os métodos pedagógicos, no sentido de difundir as boas práticas e de aconselhar aqueles que se encontrem no início de carreira ou em formação ou que denotem dificuldades no seu exercício profissional;
h) Defender e promover o bem-estar de todos os docentes, protegendo-os de quaisquer situações de violência física ou psicológica, se necessário solicitando a intervenção de pessoas e entidades alheias à instituição escolar.

É com base nos pressupostos anteriores que passamos a apresentar as seguintes considerações:

1-O modelo de avaliação apresentado pelo Ministério da Educação contraria e subverte alguns dos aspectos estipulados no Estatuto da carreira docente, acentuando perigosamente a tendência para o trabalho individual em detrimento do trabalho colaborativo. A avaliação de desempenho poderá não ser justa e imparcial se for feita entre pares. Não podemos esquecer-nos que somos professores, aqui, nesta escola, e fomos criando ao longo dos anos relações de cooperação, de partilha de materiais e de amizade que se encontram seriamente ameaçadas. A divisão da carreira docente em professores titulares e não titulares, apenas de natureza administrativa, sendo o tempo de serviço um dos critérios, não reflecte necessariamente o total domínio de competências de avaliação dos colegas. Uma avaliação entre pares apenas deverá ser de natureza formativa e não, como pretendem, culminar numa classificação e consequente seriação.

Consideramos que a avaliação de desempenho deve ser inserida no processo de avaliação externa da escola e os professores libertos das tarefas burocráticas associadas à mesma.

2-Existe uma grande sobrecarga de trabalho, o que nos obriga a despender muito para além das 35 horas de trabalho semanal. Cansados e indignados com a pouca consideração e falta de reconhecimento do nosso trabalho, pela sociedade em geral, consideramos que devemos apresentar sugestões que revertam esta situação:
-Pretendemos que o nosso horário de trabalho - lectivo, não lectivo e individual - passe a ser cumprido integralmente na Escola. Para tal necessitamos de gabinetes, por grupos disciplinares, devidamente equipados com computadores, impressora e restantes materiais de escritório onde possamos realizar todas as tarefas inerentes à nossa função. As nossas casas não devem continuar a ser a extensão da escola, transformadas em gabinetes clandestinos sem horários de funcionamento!

3-A motivação, o sentido de humor e a disponibilidade, estados de espírito fundamentais para o exercício da nossa profissão, estão a esgotar-se e a desaparecer de forma directamente proporcional à quantidade de legislação que constantemente nos abafa! O trabalho informal, que com frequência acontecia na sala de professores e que culminava muitas vezes em actividades importantes para os alunos e para a escola, está a desaparecer gradualmente… os professores sentem-se física e emocionalmente indisponíveis!

Como professores deste departamento, avaliadores e avaliados, temos o dever de alertar para os inconvenientes da aplicação do actual modelo de avaliação de desempenho do pessoal docente. Consideramos que não devemos retirar tempo ao tempo que temos para dedicar aos alunos.

Face ao exposto, os professores deste departamento, por unanimidade, propõem a suspensão da aplicação do actual Modelo de Avaliação de Desempenho.

sábado, 4 de outubro de 2008





Leiam este texto escrito por um professor de filosofia que escrevesemanalmente para o jornal O Torrejano.Tudo o que ele diz, é tristemente verdadeiro...O atestado médico por José Ricardo Costa



Imagine o meu caro que é professor, que é dia de exame do 12º ano e vai terde fazer uma vigilância.Continue a imaginar. O despertador avariou durante a noite. Ou fica preso noelevador. Ou o seu filho, já à porta do infantário, vomitou o quente,pastoso, húmido e fétido pequeno-almoço em cima da sua imaculada camisa.Teve, portanto, de faltar à vigilância. Tem falta.Ora esta coisa de um professor ficar com faltas injustificadas é complicada,por isso convém justificá-la. A questão agora é: como justificá-la?Passemos então à parte divertida. A única justificação para o facto de ficarpreso no elevador, do despertador avariar ou de não poder ir para uma salado exame com a camisa vomitada, ababalhada e malcheirosa, é um atestadomédico.Qualquer pessoa com um pouco de bom senso percebe que quem precisa aqui doatestado médico será o despertador ou o elevador. Mas não. Só uma doençapoderá justificar sua ausência na sala do exame. Vai ao médico. E, a partirdeste momento, a situação deixa de ser divertida para passar a serhilariante.Chega-se ao médico com o ar mais saudável deste mundo. Enfim, com o sorrisode Jorge Gabriel misturado com o ar rosado do Gabriel Alves e a felicidadedopadre Melícias. A partir deste momento mágico, gera-se um fenómeno que sópode serexplicado através de noções básicas da psicopatologia da vida quotidiana. Osmesmos que explicam uma hipnose colectiva em Felgueiras, o holocausto naziou o sucesso da TVI.O professor sabe que não está doente. O médico sabe que ele não está doente.Opresidente do executivo sabe que ele não está doente. O director regionalsabe que ele não está doente. O Ministério da Educação sabe que ele não estádoente.O próprio legislador, que manda a um p rofessor que fica preso no elevadorapresentar um atestado médico, também sabe que o professor não está doente.Ora, num país em que isto acontece, para além do despertador que não toca,do elevador parado e da camisa vomitada, é o próprio país que está doente.Um país assim, onde a mentira é legislada, só pode mesmo ser um país doente.Vamos lá ver, a mentira em si não é patológica. Até pode ser racional, útile eficaz em certas ocasiões. O que já será patológico é o desejo que temosde sermos enganados ou a capacidade para fingirmos que a mentira é verdade.Lá nesse aspecto somos um bom exemplo do que dizia Goebbels: uma mentiravárias vezes repetida transforma-se numa verdade. Já Aristóteles percebiauma coisa muito engraçada: quando vamos ao teatro, vamos com o desejo e umapredisposição para sermos enganados. Mas isso é normal. Sabemos bem, depoisde termos chorado baba e ranho a ver o 'ET', que este é um boneco e quetemos de poupar a baba e o ranho para outras ocasiões. O problema é que emPortugal a ficção se confunde com a realidade. Portugal é ele próprio umaprodução fictícia, provavelmente mesmo desde D.Afonso Henriques, que Deus meperdoe.A começar pela política. Os nossos políticos são descaradamente mentirosos.Só que ninguém leva a mal porque já estamos habituados. Aliás, em Portugalé-se penalizado por falar verdade, mesmo que seja por boas razões, o quesignifica que em Portugal não há boas razões para falar verdade. Se eu, numambiente formal, disser a uma pessoa que tem uma nódoa na camisa, ela irálevar a mal.Fica ofendida se eu digo isso é para a ajudar, para que possa disfarçar anódoa e não fazer má figura. Mas ela fica zangada comigo só porque eu vi anódoa, sabe que eu sei que tem a nódoa e porque assumi perante ela que seique tem a nódoa e que sei que ela sabe que eu sei.Nós, portugueses, adoramos viver enganados, iludidos e achamos normal queassim seja. Por exemplo, lemos revistas sociais e ficamos derretidos (nãofalo do cérebro, mas de um plano emocional) ao vermos casais felicíssimos ecom vidas de sonho.Pronto, sabemos que aquilo é tudo mentira, que muitos deles divorciam-se aofim de três meses e que outros vivem um alcoolismo disfarçado. Mas adoramosfingir que aquilo é tudo verdade.Somos pobres, mas vivemos como os alemães e os franceses. Somos ignorantes eculturalmente miseráveis, mas somos doutores e engenheiros. Fazemosmalabarismos e contorcionismos financeiros, mas vamos passar férias aFortaleza. Fazemos estádios caríssimos para dois ou três jogos em 15 dias,temos auto-estradas modernas e europeias, mas para ver passar, a seu lado,entulho, lixo, mato por limpar, eucaliptos, floresta queimada, barracões comchapas de zinco, casas horríveis e fábricas desactivadas.Portugal mente compulsivamente. Mente perante si próprio e mente perante omundo.Claro que não é um professor que falta à vigilância de um exame por ficarpreso no elevador que precisa de um atestado médico. É Portugal que precisa,antes que comece a vomitar sobre si próprio.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Vi Jesus Cristo Descer à Terra

Num meio-dia de fim de primavera Tive um sonho como uma fotografia. Vi Jesus Cristo descer à terra. Veio pela encosta de um monte Tornado outra vez menino, A correr e a rolar-se pela erva E a arrancar flores para as deitar fora E a rir de modo a ouvir-se de longe. Tinha fugido do céu. Era nosso demais para fingir De segunda pessoa da Trindade. No céu era tudo falso, tudo em desacordo Com flores e árvores e pedras. No céu tinha que estar sempre sério E de vez em quando de se tornar outra vez homem E subir para a cruz, e estar sempre a morrer Com uma coroa toda à roda de espinhos E os pés espetados por um prego com cabeça, E até com um trapo à roda da cintura Como os pretos nas ilustrações. Nem sequer o deixavam ter pai e mãe Como as outras crianças. O seu pai era duas pessoas Um velho chamado José, que era carpinteiro, E que não era pai dele; E o outro pai era uma pomba estúpida, A única pomba feia do mundo Porque não era do mundo nem era pomba. E a sua mãe não tinha amado antes de o ter. Não era mulher: era uma mala Em que ele tinha vindo do céu. E queriam que ele, que só nascera da mãe, E nunca tivera pai para amar com respeito, Pregasse a bondade e a justiça! Um dia que Deus estava a dormir E o Espírito Santo andava a voar, Ele foi à caixa dos milagres e roubou três. Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido. Com o segundo criou-se eternamente humano e menino. Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz E deixou-o pregado na cruz que há no céu E serve de modelo às outras. Depois fugiu para o sol E desceu pelo primeiro raio que apanhou. Hoje vive na minha aldeia comigo. É uma criança bonita de riso e natural. Limpa o nariz ao braço direito, Chapinha nas poças de água, Colhe as flores e gosta delas e esquece-as. Atira pedras aos burros, Rouba a fruta dos pomares E foge a chorar e a gritar dos cães. E, porque sabe que elas não gostam E que toda a gente acha graça, Corre atrás das raparigas pelas estradas Que vão em ranchos pela estradas com as bilhas às cabeças E levanta-lhes as saias. A mim ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as cousas. Aponta-me todas as cousas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas Quando a gente as tem na mão E olha devagar para elas. Diz-me muito mal de Deus. Diz que ele é um velho estúpido e doente, Sempre a escarrar no chão E a dizer indecências. A Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia. E o Espírito Santo coça-se com o bico E empoleira-se nas cadeiras e suja-as. Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica. Diz-me que Deus não percebe nada Das coisas que criou — "Se é que ele as criou, do que duvido" — "Ele diz, por exemplo, que os seres cantam a sua glória, Mas os seres não cantam nada. Se cantassem seriam cantores. Os seres existem e mais nada, E por isso se chamam seres." E depois, cansados de dizer mal de Deus, O Menino Jesus adormece nos meus braços e eu levo-o ao colo para casa.

Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro. Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava. Ele é o humano que é natural, Ele é o divino que sorri e que brinca. E por isso é que eu sei com toda a certeza Que ele é o Menino Jesus verdadeiro. E a criança tão humana que é divina É esta minha quotidiana vida de poeta, E é porque ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre, E que o meu mínimo olhar Me enche de sensação, E o mais pequeno som, seja do que for, Parece falar comigo. A Criança Nova que habita onde vivo Dá-me uma mão a mim E a outra a tudo que existe E assim vamos os três pelo caminho que houver, Saltando e cantando e rindo E gozando o nosso segredo comum Que é o de saber por toda a parte Que não há mistério no mundo E que tudo vale a pena. A Criança Eterna acompanha-me sempre. A direção do meu olhar é o seu dedo apontando. O meu ouvido atento alegremente a todos os sons São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas. Damo-nos tão bem um com o outro Na companhia de tudo Que nunca pensamos um no outro, Mas vivemos juntos e dois Com um acordo íntimo Como a mão direita e a esquerda. Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas No degrau da porta de casa, Graves como convém a um deus e a um poeta, E como se cada pedra Fosse todo um universo E fosse por isso um grande perigo para ela Deixá-la cair no chão. Depois eu conto-lhe histórias das cousas só dos homens E ele sorri, porque tudo é incrível. Ri dos reis e dos que não são reis, E tem pena de ouvir falar das guerras, E dos comércios, e dos navios Que ficam fumo no ar dos altos-mares. Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade Que uma flor tem ao florescer E que anda com a luz do sol A variar os montes e os vales, E a fazer doer nos olhos os muros caiados. Depois ele adormece e eu deito-o. Levo-o ao colo para dentro de casa E deito-o, despindo-o lentamente E como seguindo um ritual muito limpo E todo materno até ele estar nu. Ele dorme dentro da minha alma E às vezes acorda de noite E brinca com os meus sonhos. Vira uns de pernas para o ar, Põe uns em cima dos outros E bate as palmas sozinho Sorrindo para o meu sono.

Quando eu morrer, filhinho, Seja eu a criança, o mais pequeno. Pega-me tu ao colo E leva-me para dentro da tua casa. Despe o meu ser cansado e humano E deita-me na tua cama. E conta-me histórias, caso eu acorde, Para eu tornar a adormecer. E dá-me sonhos teus para eu brincar Até que nasça qualquer dia Que tu sabes qual é.

Esta é a história do meu Menino Jesus. Por que razão que se perceba Não há de ser ela mais verdadeira Que tudo quanto os filósofos pensam E tudo quanto as religiões ensinam?


Fernando Pessoa, in "O Guardador de Rebanhos - Poema VIII"

Insistir...





Insiste em ti mesmo; nunca imites. A todo o momento, podes exibir o teu próprio dom com a força cumulativa de toda uma vida de estudo; mas do talento imitado de outro tens apenas posse parcial e momentânea. Aquilo que cada um sabe fazer de melhor só pode ser ensinado por quem o faz. Ninguém sabe ainda o que seja, nem o pode saber, enquanto essa pessoa não o demonstrar.
Rui Baião

domingo, 28 de setembro de 2008

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Carta aberta...

CARTA ABERTA AOS MEUS COLEGAS PROFESSORES
Testemunho deixado num comentário do colega J. Moedas Duarte que merece aqui completa transcrição.
Fui professor durante 37 anos na Escola P. Francisco Soares de Torres Vedras e reformei-me em Janeiro passado.Hoje, dia 1 de Setembro, senti necessidade de voltar à escola para dar um abraço solidário aos meus colegas.Num expositor da Sala de Professores deixei este texto, que partilho agora com o grupo mais alargado dos leitores deste blogue, cujo mérito tenho divulgado sempre que posso.CARTA ABERTA AOS MEUS COLEGAS PROFESSORESPela primeira vez em muitos anos não retomo a actividade docente no início do ano lectivo. Mas não o lamento e é isso que me dói. Sempre disse que queria ficar na escola mais alguns anos para além do tempo da reforma, desde que tivesse condições de saúde para tal. Contudo, vi-me "obrigado" a sair mais cedo, inclusivé aceitando uma penalização de 4,5% sobre o vencimento.Não sou protagonista de nada: o meu caso é apenas mais um no meio de milhares de professores a quem este Governo afrontou. Só quem não conhece as escolas e tem uma ideia errada da função docente é que não entende isto.É doloroso ouvir pessoas que sempre deram o máximo pela sua profissão, que amam o ensino e têm uma ligação profunda com os alunos, a dizerem que estão exaustas e que lamentam não serem mais velhas para poderem reformar-se já. Vejo com enorme tristeza estes colegas a entrarem no ano lectivo como quem vai para um exílio. Compreendo-os bem...Este estado de coisas tem responsáveis: são a equipa do Ministério da Educação e o Primeiro-ministro.A eles se deve a criação de um enorme factor de desestabilização e conflito nas escolas que é a divisão artificial da carreira docente entre "professores titulares" e os outros que o não são. Todos fazem o mesmo, a todos são pedidas as mesmas responsabilidades, mas estão em patamares diferentes, definidos segundo critérios arbitrários.A eles se deve um sistema de avaliação de desempenho que não é mais do que a extensão administrativa daquele erro colossal.A eles se deve a legislação que não reforça a autoridade dos professores na escola, antes os transforma em burocratas ao serviço de encarregados de educação a quem não se pedem responsabilidades e de alunos a quem não se exige que estudem e tenham sucesso por mérito próprio.No ano passado 100 000 mil professores na rua mostraram que não se conformavam com este estado de coisas. O Governo tremeu. Mas os Sindicatos de professores não souberam gerir esta revolta legítima. Ocupados por gente que não dá aulas, funcionalizados e alienados pelo sistema, apressaram-se a assinar um acordo que nada resolveu, antes adiou um problema que vai inquinar o ano lectivo que hoje começa.Todos os que podem estão a vir-se embora das escolas, é a debandada geral. Gente com a experiência e a formação profissional de muitos anos, que ainda podiam dar tanto ao ensino, retiram-se desgostosos, desiludidos, magoados. Deixaram de acreditar que a sua presença era importante e bateram com a porta. O Governo não se importa, nada faz para os segurar: eram gente que tinha espírito crítico e resistia. «Que se vão embora, não fazem cá falta nenhuma!»Não, não tenho pena de não voltar à escola. Pelo contrário: entro em Setembro com um enorme alívio. Mas não me sinto bem. Estou profundamente solidário com os meus colegas de profissão e tenho a estranha sensação de que os abandonei, embora saiba quanto isso é pretensioso da minha parte. Vejo com apreensão e desgosto que, trinta e sete anos depois de começar a ser professor, a escola não está melhor.Sim, regressarei hoje à escola. Mas só para dar um imenso abraço àqueles que, corajosamente, como professores no activo, enfrentam um novo ano lectivo.
Torres Vedras, 1 de Setembro de 2008
Joaquim Moedas Duarte

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Recomeçar...



A Educação é a experiência mais característica da condição humana, uma das poucas coisas que podem realmente mudar uma pessoa, dar-lhe um caminho, alargar-lhe as suas limitadas possibilidades. O dia em que aprendemos alguma coisa importante, o dia em que mudámos alguma coisa importante por causa dessa aprendizagem, não é um dia comum

Rui Baião.

sábado, 6 de setembro de 2008





A memória é essa claridade fictícia das sobreposições que se anulam. O significado é essa espécie de mapa das interpretações que se cruzam como cicatrizes de sucessivas pancadas. Os nossos sentimentos. A intensidade do sentir é intolerável. Do sentir ao sentido do sentido ao significado: o que resta é impacto que substitui impacto - eis a criação.



Rui Baião

Recomenda-se...Muito giro

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Medo


Parecemos estar hoje animados quase exclusivamente pelo medo. Receamos até aquilo que é bom, aquilo que é saudável, aquilo que é alegre. E o que é o herói? Antes de mais, alguém que venceu os seus medos. É possível ser-se herói em qualquer campo; nunca deixamos de reconhecer um herói quando este aparece. A sua virtude singular é o facto de ele ser um só com a vida, um só consigo próprio. Tendo deixado de duvidar e de interrogar, acelera o curso e o ritmo da vida. O cobarde, pelo contrário, procura deter o fluxo da vida. E claro que não detém nada, a menos que se detenha a si próprio. A vida continua sempre a avançar, quer nos portemos como cobardes, quer nos portemos como heróis. A vida não impõe outra disciplina - se ao menos o soubéssemos compreender! - para além de a aceitarmos tal como é. Tudo aquilo a que fechamos os olhos, tudo aquilo de que fugimos, tudo aquilo que negamos, denegrimos ou desprezamos, acaba por contribuir para nos derrotar. O que nos parece sórdido, doloroso, mau, poderá tornar-se numa fonte de beleza, alegria e força, se o enfrentarmos com largueza de espírito. Todos os momentos são momentos de ouro para os que têm a capacidade de os ver como tais. A vida é agora, são todos os momentos, mesmo que o mundo esteja cheio de morte. A morte só triunfa ao serviço da vida.



Rui Baião.

sábado, 23 de agosto de 2008

Mais uma primavera...


Quando penso em mais um ano que passou alegro-me na minha existência. Acredito que sou desde sempre, que a minha vida é mais uma etapa na existência. A existência é mais eterna que a vida.
Rui Baião.

terça-feira, 19 de agosto de 2008