domingo, 19 de outubro de 2008

O bom exemplo da Escola de Arraiolos...




Um PROTESTO muito sentido

De acordo com o estipulado no Decreto-Lei nº 15/2007 de 19 de Janeiro, artigo 5º
a) O direito a emitir opiniões e recomendações sobre as orientações e o funcionamento do estabelecimento de ensino e do sistema educativo, os professores deste departamento avançam com as seguintes reflexões:
Estamos convictos que o modelo de avaliação de desempenho a que nos querem obrigar vai contribuir para a criação de conflitos, enfraquecimento de laços de cooperação e, na generalidade, culminar com o enfraquecimento das relações de respeito entre os docentes. Esta situação contraria totalmente tudo aquilo em que acreditamos e que se encontra consignada no Decreto-Lei nº 15/2007 de 19 de Janeiro:
Artigo 10º- Deveres gerais
c) Colaborar com todos os intervenientes no processo educativo, favorecendo a criação de laços de cooperação e o desenvolvimento de relações de respeito e reconhecimento mútuo, em especial entre docentes, alunos, encarregados de educação e pessoal não docente
Artigo 10º-B- Deveres para com a escola e os outros docentes
Constituem deveres específicos dos docentes para com a escola e outros docentes:
d) Promover o bom relacionamento e a cooperação entre todos os docentes, dando especial atenção aos que se encontram em início de carreira ou em formação ou que denotem dificuldades no seu exercício profissional;
e) Partilhar com os outros docentes a informação, os recursos didácticos e os métodos pedagógicos, no sentido de difundir as boas práticas e de aconselhar aqueles que se encontrem no início de carreira ou em formação ou que denotem dificuldades no seu exercício profissional;
h) Defender e promover o bem-estar de todos os docentes, protegendo-os de quaisquer situações de violência física ou psicológica, se necessário solicitando a intervenção de pessoas e entidades alheias à instituição escolar.

É com base nos pressupostos anteriores que passamos a apresentar as seguintes considerações:

1-O modelo de avaliação apresentado pelo Ministério da Educação contraria e subverte alguns dos aspectos estipulados no Estatuto da carreira docente, acentuando perigosamente a tendência para o trabalho individual em detrimento do trabalho colaborativo. A avaliação de desempenho poderá não ser justa e imparcial se for feita entre pares. Não podemos esquecer-nos que somos professores, aqui, nesta escola, e fomos criando ao longo dos anos relações de cooperação, de partilha de materiais e de amizade que se encontram seriamente ameaçadas. A divisão da carreira docente em professores titulares e não titulares, apenas de natureza administrativa, sendo o tempo de serviço um dos critérios, não reflecte necessariamente o total domínio de competências de avaliação dos colegas. Uma avaliação entre pares apenas deverá ser de natureza formativa e não, como pretendem, culminar numa classificação e consequente seriação.

Consideramos que a avaliação de desempenho deve ser inserida no processo de avaliação externa da escola e os professores libertos das tarefas burocráticas associadas à mesma.

2-Existe uma grande sobrecarga de trabalho, o que nos obriga a despender muito para além das 35 horas de trabalho semanal. Cansados e indignados com a pouca consideração e falta de reconhecimento do nosso trabalho, pela sociedade em geral, consideramos que devemos apresentar sugestões que revertam esta situação:
-Pretendemos que o nosso horário de trabalho - lectivo, não lectivo e individual - passe a ser cumprido integralmente na Escola. Para tal necessitamos de gabinetes, por grupos disciplinares, devidamente equipados com computadores, impressora e restantes materiais de escritório onde possamos realizar todas as tarefas inerentes à nossa função. As nossas casas não devem continuar a ser a extensão da escola, transformadas em gabinetes clandestinos sem horários de funcionamento!

3-A motivação, o sentido de humor e a disponibilidade, estados de espírito fundamentais para o exercício da nossa profissão, estão a esgotar-se e a desaparecer de forma directamente proporcional à quantidade de legislação que constantemente nos abafa! O trabalho informal, que com frequência acontecia na sala de professores e que culminava muitas vezes em actividades importantes para os alunos e para a escola, está a desaparecer gradualmente… os professores sentem-se física e emocionalmente indisponíveis!

Como professores deste departamento, avaliadores e avaliados, temos o dever de alertar para os inconvenientes da aplicação do actual modelo de avaliação de desempenho do pessoal docente. Consideramos que não devemos retirar tempo ao tempo que temos para dedicar aos alunos.

Face ao exposto, os professores deste departamento, por unanimidade, propõem a suspensão da aplicação do actual Modelo de Avaliação de Desempenho.

Sem comentários: